Desde que a Disney adquiriu a
Lucasfilm, tem prometido ao mundo que os novos filmes do universo Star Wars não
se iriam cingir às trilogias oficiais. Neste contexto surge, então, o primeiro
filme não enquadrado numa trilogia criada ou em curso (“The Force Awakens” do
ano passado é o primeiro episódio de uma nova trilogia que vai do ep. VII ao IX).
“Rogue One” relata os acontecimentos imediatamente anteriores à história de
“Uma Nova Esperança”, o ep. IV, e o primeiro filme alguma vez a ser feito desta
saga, e que se traduzem no esforço realizado por uma equipa de rebeldes para
capturar os planos da famosa Estrela da Morte de forma a destruir esta estação
espacial arrasadora de planetas.
Seria de esperar, portanto, um episódio
solto, sem grandes amarras aos outros filmes da saga. Mas “Rogue One” está
longe de ser um filme isolado: não só a narrativa se prende à de “Uma Nova
Esperança” como há um sem número de referências a vários dos filmes do Star
Wars (caras conhecidas que aparecem e, por vezes, se demoram, durante o
percurso do filme. A maior das referências e – convenhamos, a que os fãs mais desejavam
– é a aparição de Darth Vader, o vilão por excelência da saga. Mas, para além
deste, temos a própria aparição da Estrela da Morte como um espectro fatal a
patrulhar as galáxias e até do Grand Moff Tarkin, almirante que domina uma boa
parte de “Uma Nova Esperança”. Neste caso, dado que o actor que dava corpo a
esta personagem já faleceu há cerca de 20 anos, o realizador Gareth Edwards
(Monsters - Zona Interdita, Godzilla) optou por digitalizar o actor tal como
aparecia no primeiro filme e pô-lo a interagir com personagens de carne e osso.
O mesmo foi feito no final do filme com Carrie Fisher, a princesa Leia, que
após digitalização de rosto e corpo nos surge numa versão rejuvenescida, igual
à imagem que tinha no ep. IV.
Quantos aos novos actores, todos
cumprem bem os seus papéis, ajudando sem dificuldade a transportar-nos para o
mundo de Star Wars de onde só saímos após os créditos finais (graças à potente
banda sonora que, apesar de não ser da partitura do célebre John Williams, está
bem entregue a Michael Giacchino). Particularmente bem está a personagem de Ben
Mendelsohn, o carismático Director Orson Krennic, a mostrar o porquê de ser
temido por uns e odiado por outros. Este é um actor veterano com créditos
firmados mas a ter em conta em futuros trabalhos. É verdade que as personagens
poderiam ter sido mais profundadas como se tem argumentado, mas num só filme
com tanta coisa por contar, algo teria de ficar para trás. De resto, o universo
Star Wars nunca primou por ter personagens ultra dimensionais (alguém conhece
os antecedentes de Han Solo?)
A primeira parte do filme pode
causar alguma confusão ao espectador porque a acção está constantemente a
saltar de planeta para planeta mas depressa se apanha o fio à meada. O final
pode não ser do agrado de todos, mas visto que as novas personagens nunca mais
são referidas em filmes posteriores, era de esperar que todas perecessem. É um
final lógico e longe de empregar a solução tipicamente Disney em que tudo acaba
sempre bem (o final de “O Despertar da Força” com a rapariguinha aprendiz de
Jedi a derrotar o vilão todo poderoso é ridículo e deixou um amargo de boca bem
maior).
E depois temos aquela cena final,
quase antes dos créditos em que vemos Darth Vader em topo de forma a dar cabo
dos rebeldes, encurralados, só com a ajuda do seu sabre de luz e de uns quantos
truques que a Força lhe ensinou. É a cereja no topo do bolo para qualquer fã
que se preze!
Nota: 5/5
Desejo-vos muitos e bons filmes.
Sem comentários:
Enviar um comentário