Mais uma quadra natalícia, mais
um filme “made in” Terra Média (também conhecida como Nova Zelândia). «O Hobbit:
A Desolação de Smaug» é o segundo tomo das aventuras do pequeno hobbit Bilbo
Baggins, juntamente com o feiticeiro Gandalf e treze ferozes anões liderados pelo
carismático Thorin Escudo-de-Carvalho. Por entre as deliciosas paisagens
imaginadas por J.R.R. Tolkien e trazidas à vida por Peter Jackson, esta
irmandade prossegue a sua jornada em direcção ao reino de Erebor, a Montanha
Solitária tomada várias décadas antes por um tenebroso dragão gigante chamado
Smaug.
«O Hobbit: A Desolação de Smaug» entretém
de forma competente e tem excelentes efeitos especiais, mas apresenta um enredo
cheio de buracos – um filme deve obedecer à lógica que impõe aos espectadores e
neste filme, em particular nas cenas com o dragão, essa mesma lógica é
constantemente distorcida (se Smaug consegue detectar Bilbo através do olfacto,
mesmo quando este está invisível, porque razão não consegue, mais tarde,
encontrá-lo e ao grupo de anões que a ele se juntam na montanha?) No final, ficamos
com a ideia de que o dragão é mais presunçoso do que perigoso (e é verdade que fala
pelos cotovelos!) e nem a expectativa de o mesmo poder vir a dizimar a Cidade
do Lago no próximo filme nos faz estremecer. Por outro lado, a teimosia em
querer ligar esta trilogia à de «O Senhor dos Anéis» desvaloriza a narrativa
central.
Em suma, este capítulo possui
vários dos mesmos trunfos que o filme anterior e a trilogia de «O Senhor dos
Anéis» tinham, mas obedece cada vez mais à lógica de um jogo de computador em
que os heróis saltam de um nível para o seguinte. Apesar de alguns bons momentos
na parte da representação, não houve muita preocupação em contar uma história
do ponto de vista das personagens (até Bilbo é relegado para segundo plano em
boa parte do filme). As cenas de acção impossível sucedem-se (a da matança de
orcs no rio, dentro de barris, é o melhor exemplo) e fazem com que todos os
vilões pareçam anedóticos, tal é a quantidade de vezes em que são vencidos.
Peter Jackson está aos poucos a aproximar-se de George Lucas na realização de
épicos de fantasia, e isso não augura nada de bom...
Desejo-vos muitos e bons filmes.
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