E finalmente chega-nos o tão
aguardado filme baseado no primeiro livro de J.R.R. Tolkien sobre a Terra
Média. «O Hobbit: Uma Viagem Inesperada» é a brilhante adaptação cinematográfica
das aventuras de Bilbo Baggins na terra da fantasia pela mão de Peter Jackson,
o mago que tão bem soube transpor a trilogia de «O Senhor dos Anéis» para o
cinema. E Peter Jackson mantém o padrão de qualidade, com uma história centrada
nos acontecimentos que precedem a demanda do anel e que, de várias formas, darão
origem à mesma. Nos próximos dois anos, mais dois filmes virão, dando
continuação à história narrada neste primeiro tomo. Se na trilogia anterior
havia o problema de faltar espaço para incluir todo o conteúdo dos livros, o
desafio passa, agora, por ampliar a história de um único livro de modo a
conseguir realizar três filmes em torno do mesmo. Nos próximos dois anos
saberemos se a jornada será levada a bom porto.
Debruçando-nos, para já, sobre
este primeiro filme, poderemos afirmar que até aqui está tudo bem: que magnífico
é voltar a ver os lindíssimos cenários naturais da Nova Zelândia e as paisagens
ora angelicais ora medonhas, reencontrar algumas das personagens que já fazem
parte do imaginário popular (os feiticeiros Gandalf e Saruman, Lord Elrond, Lady
Galadriel e sobretudo a criatura Gollum) e conhecer um pouco mais deste mundo
tão complexo e intrincado criado pela mente de um escritor tão prolífico.
Neste filme, passado 60 anos
antes dos eventos de «O Senhor dos Anéis», Gandalf chega ao Shire (país dos
hobbits) acompanhado por treze peculiares anões e tenta convencer Bilbo Baggins
a juntar-se ao grupo para uma demanda rumo à distante Montanha Solitária, lugar
repleto de riquezas, outrora residência dos anões, e que foi ocupado por Smaug,
um dragão gigante particularmente tenebroso, adormecido há séculos no interior
da montanha. A intenção dos anões é recuperar o que é seu e derrotar o poderoso
Smaug. Apesar de grandemente relutante a início, Bilbo cede e embarca na
jornada que irá mudar para sempre a sua vida.
Apesar de «O Hobbit» não se
tratar de uma história tão negra como «O Senhor dos Anéis», também dificilmente
pode ser considerada infantil (ao contrário de «As Crónicas de Nárnia», por
exemplo), pois contém demasiado “perfume de trevas”. Há criaturas grotescas e
sinistras à espreita em cada esquina, desde um obtuso grupo de Trolls até um
Orc Pálido montado num Warg com o dobro do tamanho de um lobo, passando por um
Necromante, um espectro que ameaça voltar ao mundo dos vivos.
Martin Freeman revelou-se uma
excelente escolha para interpretar o hobbit Bilbo, na medida em que soube conferir
à personagem o misto de nervosismo, manha e orgulho que esta requer. Bilbo é um
hobbit diferente de Frodo, mais engraçado e curioso, mas igualmente corajoso e
astuto em situações adversas, como podemos verificar na cena da gruta em que
joga às adivinhas com Gollum – de resto, a melhor cena de toda a saga.
As críticas vão-se dividir em
relação a esta nova trilogia: há quem ache que Hollywood está a tentar explorar
todo o filão de ouro à sua disposição (o que não deixa de ser verdade), mas há
que lembrar que foi aqui que tudo começou... com uma viagem inesperada.
Desejo-vos muitos e bons filmes.
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