quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Godzilla (2014)




Gareth Edwards trouxe-nos um filme de monstros invulgar com «Monsters – Zona Interdita» em que, mais do que os efeitos especiais – poucos mas bons – e a destruição massiva, contava a relação entre o casal protagonista e a sua jornada por dentro de um mundo dominado pelo medo de a qualquer momento virem a deparar com "algo". Com este objecto cinematográfico, o realizador conseguiu conquistar o apreço do público e dos críticos, o que lhe permitiu entrar em Hollywood pela porta da frente: foi-lhe confiada a árdua tarefa de revitalizar um dos monstros mais emblemáticos dos últimos 60 anos, Gojira, ou como é conhecido no Ocidente, Godzilla.

A abordagem que o realizador faz da história do monstro produzido por meio de detritos radioactivos é original e afasta-se – felizmente – do filme quase desastroso que Roland Emmerich fez sobre a criatura em 98. No entanto, o «Godzilla» de Edwards acaba por ser uma relativa desilusão face àquilo que esperávamos de alguém que cresceu a ver filmes de monstros e que se estreou de forma tão auspiciosa. Apesar das boas intenções, esta não é ainda a homenagem que um dos monstros mais conhecidos do mundo merece.

«Godzilla» tem um excelente elenco, com o icónico Bryan Cranston  (da famosa série "Breaking Bad") num dos papéis principais e Aaron Taylor-Johnson, que já mostrou noutros filmes (especialmente no deliciosamente pérfido «Kick-Ass») as suas qualidades como actor, a protagonizá-lo. Contudo, é precisamente quando este actor tem de carregar sozinho o filme às costas que notamos o peso que lhe foi colocado: Taylor-Johnson limita-se a cumprir a sua função, não marcando pela positiva. Juliette Binoche tem uma breve aparição, mas o seu papel é curto demais para merecer especial menção. Ken Watanabe é um cientista à deriva com uma crise existencial sobre o homem versus natureza e David Strathairn também não tem um papel à altura do seu talento.

Além do colossal Godzilla – maior aqui do que em qualquer filme feito anteriormente – que recupera, em grande parte, a fisionomia dos filmes nipónicos, existem outras criaturas, apelidadas de MUTO, que são os principais criadores de problemas nesta história. O maior problema na integração destas criaturas medonhas é o facto de relegarem o monstro principal para um papel quase secundário, um agente que tem de manter o equilíbrio natural das coisas.

Não faltam os brilhantes efeitos especiais, as lutas titânicas e a destruição de edifícios. Até somos contemplados com uma muito eficaz visão de um salto efectuado por paraquedistas – e este é, efectivamente, o momento de maior tensão do filme, muito graças à banda sonora que o acompanha.

Curiosamente, a narrativa parece basear-se, em parte, numa certa série de animação dos anos 80 em que Godzilla tinha como missão lutar com monstros malignos para salvar a humanidade e tinha um parente chamado Godzooky...

«Godzilla» vê-se com agrado mas fica a sensação de faltar qualquer coisa para termos uma verdadeira obra prima.

Nota: 3,5/5


Desejo-vos muitos e bons filmes.

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