Gareth Edwards
trouxe-nos um filme de monstros invulgar com «Monsters – Zona Interdita» em
que, mais do que os efeitos especiais – poucos mas bons – e a destruição
massiva, contava a relação entre o casal protagonista e a sua jornada por
dentro de um mundo dominado pelo medo de a qualquer momento virem a deparar com
"algo". Com este objecto cinematográfico, o realizador conseguiu
conquistar o apreço do público e dos críticos, o que lhe permitiu entrar em
Hollywood pela porta da frente: foi-lhe confiada a árdua tarefa de revitalizar
um dos monstros mais emblemáticos dos últimos 60 anos, Gojira, ou como é
conhecido no Ocidente, Godzilla.
A abordagem que o realizador
faz da história do monstro produzido por meio de detritos radioactivos é
original e afasta-se – felizmente – do filme quase desastroso que Roland
Emmerich fez sobre a criatura em 98. No entanto, o «Godzilla» de Edwards acaba
por ser uma relativa desilusão face àquilo que esperávamos de alguém que
cresceu a ver filmes de monstros e que se estreou de forma tão auspiciosa.
Apesar das boas intenções, esta não é ainda a homenagem que um dos monstros
mais conhecidos do mundo merece.
«Godzilla» tem um excelente
elenco, com o icónico Bryan Cranston (da
famosa série "Breaking Bad") num dos papéis principais e Aaron
Taylor-Johnson, que já mostrou noutros filmes (especialmente no deliciosamente
pérfido «Kick-Ass») as suas qualidades como actor, a protagonizá-lo. Contudo, é
precisamente quando este actor tem de carregar sozinho o filme às costas que
notamos o peso que lhe foi colocado: Taylor-Johnson limita-se a cumprir a sua
função, não marcando pela positiva. Juliette Binoche tem uma breve aparição,
mas o seu papel é curto demais para merecer especial menção. Ken Watanabe é um
cientista à deriva com uma crise existencial sobre o homem versus natureza e
David Strathairn também não tem um papel à altura do seu talento.
Além do colossal
Godzilla – maior aqui do que em qualquer filme feito anteriormente – que
recupera, em grande parte, a fisionomia dos filmes nipónicos, existem outras
criaturas, apelidadas de MUTO, que são os principais criadores de problemas
nesta história. O maior problema na integração destas criaturas medonhas é o
facto de relegarem o monstro principal para um papel quase secundário, um
agente que tem de manter o equilíbrio natural das coisas.
Não faltam os
brilhantes efeitos especiais, as lutas titânicas e a destruição de edifícios.
Até somos contemplados com uma muito eficaz visão de um salto efectuado por
paraquedistas – e este é, efectivamente, o momento de maior tensão do filme,
muito graças à banda sonora que o acompanha.
Curiosamente, a
narrativa parece basear-se, em parte, numa certa série de animação dos anos 80
em que Godzilla tinha como missão lutar com monstros malignos para salvar a
humanidade e tinha um parente chamado Godzooky...
«Godzilla» vê-se com
agrado mas fica a sensação de faltar qualquer coisa para termos uma verdadeira
obra prima.
Nota: 3,5/5
Desejo-vos muitos e
bons filmes.
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