quinta-feira, 6 de abril de 2017

Ghost In The Shell - Agente do Futuro (2017)






«Ghost In The Shell» é o remake americano de um filme de animação japonês (anime) de 1995 que, por sua vez, é uma adaptação de uma manga japonesa com o mesmo nome. A ideia de base desta história é a fusão da tecnologia com a humanidade e os benefícios e perigos que daí podem advir. Neste remake americano acompanhamos a personagem Major (interpretada pela sobejamente conhecida Scarlett Johansson), o primeiro ser a ter um cérebro humano e um corpo completamente artificial. Major trabalha numa instituição policial chamada Secção 9 que está na peugada de um perigoso hacker capaz de aceder aos cérebros das pessoas e controlá-los.

Este remake apresenta um grande aparato visual, onde se destacam as cenas dos mergulhos da Major do alto de edifícios vertiginosos e as magníficas paisagens urbanas repletas de anúncios publicitários, claramente inspiradas na estética de «Blade Runner». A colagem visual a este filme e a falta de originalidade do enredo acabam por ser, no entanto, o calcanhar de Aquiles de «Ghost In The Shell»: já vimos o mesmo noutros filmes e explorado até de forma mais profunda («Robocop» é um exemplo óbvio).

Scarlett Johansson vai bem neste filme, abraçando sem dificuldade uma personagem austera e desprovida de emoção. Mais uma vez, e como já aconteceu em «A Grande Muralha» com Matt Damon, a escolha desta actriz ficou envolvida em polémica por ser uma cara americana num filme quase totalmente nipónico (e de raiz fortemente nipónica). Mas Hollywood considerou que era a única forma de vender uma história que, até aqui, passou ao lado de quase toda a sociedade americana.

À semelhança de Johansson, também o resto do elenco parece desprovido de emoção, funcionando de modo frio e maquinal. Isto é evidente na cena em que um suspeito é capturado pela Major e se suicida na prisão, em frente a todos, continuando os demais a falar como se nada tivesse acontecido.

«Ghost In The Shell» é para quem gosta de sci-fi com um travo a policial noir.  

Nota: 3,5 em 5.


Desejo-vos muitos e bons filmes. 

sábado, 1 de abril de 2017

Vida Inteligente (2017)





Daniel Espinosa traz-nos este «Life» ou «Vida Inteligente» em português, um amontoado de ideias retiradas de «Alien: O Oitavo Passageiro» com alguns momentos extraídos de «Gravidade» e até «Event Horizon». Com efeito, a colagem a «Alien» é tão grande que todo o filme parece um enorme decalque desse título seminal de ficção científica. Os guionistas - os mesmos que nos deram o interessante «Deadpool» - resolveram abandonar o mundo dos super-heróis para fazerem uma abordagem ao universo sci-fi, embora tenham dificuldade em fazer algo brilhante ou sequer original.

A narrativa resume-se ao seguinte: temos uma equipa de seis elementos, entre os quais Ryan Reynolds, Rebecca Ferguson e Jake Gyllenhaal, estacionados na Estação Internacional Espacial que recebem uma sonda que esteve a explorar solo marciano. Nessa sonda vem presente um organismo biológico unicelular que vem confirmar a existência de vida para além da Terra. A equipa e toda a humanidade rejubilam com a descoberta, tratando até de arranjar um nome carinhoso – Calvin – para o ser microscópico. Contudo, a situação muda quando Calvin começa a crescer exponencialmente e a revelar força e inteligência anormalmente grandes. Por fim consegue evadir-se e começar a fazer a vida negra à equipa que, tem agora como missão impedir que o organismo atinja solo terrestre.

O design da Estação Espacial Internacional é muito bom, tendo o espectador direito a um grande plano em que vemos os diferentes corredores e salas da estação e os efeitos especiais são bastante acima da média. O problema está na história feita de colagens dos filmes já mencionados, no enredo pouco credível (o monstro consegue desligar as comunicações da nave com a Terra, recorrer a utensílios e maquinaria complexa e deslizar convenientemente pelas condutas de ar) e nas personagens mal amanhadas: Rebecca Ferguson é tão certinha que irrita, Jake Gyllenhall é tão apagado que chateia e Ryan Reynolds tenta tanto ter piada que até dá dó. Melhores estão os secundários, particularmente o quase desconhecido Aryion Bakare na pele de um cientista paraplégico que cria um laço com a criatura.


Quem gosta de ficção científica pode dar um salto ao cinema para ver esta película, à sua responsabilidade. Quem não gosta, nem sequer deve atrever-se a sair de casa.    

Nota: 3 em 5.


Desejo-vos muitos e bons filmes.