sábado, 18 de fevereiro de 2017

A Grande Muralha (2017)







O novo filme de Zhang Yimou passa-se na China do século XI e conta a história de dois mercenários europeus (Matt Damon e Pedro Pascal) que deparam acidentalmente com a Grande Muralha da China e o poderoso exército que nela reside. Rapidamente são integrados no exército e vêm a descobrir que o respectivo intuito não é repelir os mongóis mas combater uns monstros lendários que surgem a cada sessenta anos para espalhar o caos e o terror na região.

Este épico de fantasia é uma produção chinesa e americana e mostra um Zhang Yimou rendido aos estúdios de Hollywood, com toda a pirotecnia e efeitos especiais a que estes nos habituaram ao longo dos anos. Não há aqui nada que identifique o filme como sendo chinês, excepto o elenco fortemente constituído por actores e actrizes deste país. Mas claro que para ser um fenómeno de audiências era preciso um rosto familiar, e nada melhor do que Matt Damon para garantir o êxito do filme (manobra que provocou, aliás, grande polémica).

Matt damon não deslumbra, deixando que Pedro Pascal (que antes vimos em «A Guerra dos Tronos») seja o comic relief e o melhor que o filme tem para oferecer. De resto não há ninguém que se destaque, nem sequer o tão conhecido Willem Dafoe, aqui utilizado como secundário e com pouco tempo de ecrã. Da mesma forma, o CGI utilizado não é muito convincente, estando os já referidos monstros num patamar de igualdade com outras criaturas de outros filmes americanos. Há uma tentativa de criar romance entre a personagem de Damon e a comandante chinesa da Grande Muralha, mas que nunca se chega a concretizar.

Tudo é grandioso em «A Grande Muralha»: as paisagens, as resmas de monstros, o exército imponente e, sobretudo, as portentosas cenas de acção. No entanto, não há nada que surpreenda, pois este é um filme que poderia ter sido feito por um qualquer tarefeiro de Hollywood.

Nota: 2,5 em 5.


Desejo-vos muitos e bons filmes. 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Manchester By The Sea (2016)






«Manchester by the Sea» é um dos filmes mais falados de 2016 e um favorito ao Óscar. Conta a história de Lee Chandler, um encarregado de limpeza, que tenta lidar com a morte do irmão após um ataque cardíaco, ao mesmo tempo que é encarregue de cuidar do seu sobrinho. Para isso, vai viver para Manchester-by-the-Sea, a pequena cidade do Massachusetts que dá nome ao filme.

Casey Affleck (irmão do mais conhecido Ben Affleck) lidera um elenco do qual também constam nomes como Michelle Williams (a ex-mulher), Kyle Chandler (o irmão), Lucas Hedges (o sobrinho) e Gretchen Mol (a cunhada). «Manchester by the Sea» foi escrito e realizado por Kenneth Lonergan, um nova-iorquino que começou como dramaturgo e escreveu os guiões de «Uma Questão de Nervos» e «Gangs de Nova Iorque». Estreou-se na realização em 2000 com «Podes Contar Comigo», tendo tido uma não muito produtiva carreira nesta faceta desde então. «Manchester by the Sea» é apenas o seu terceiro filme, sendo o sucessor de «Margaret», que saiu em 2011.

E o que dizer, então, deste filme? Não se pode dizer que seja mau, pois tem interpretações competentes de todo o elenco. Porém, o problema é que não se passa aqui nada de relevante. Limitamo-nos a acompanhar as deambulações físicas e mentais de Lee Chandler enquanto tenta ajudar o sobrinho rebelde a recuperar a vida que tinha. Por vezes lá surge um ou outro elemento de comédia, mas o suficiente apenas para nos fazer sorrir. É um filme um bocado mole e parado. Dificilmente poderá concorrer com propostas mais interessantes como «The Arrival» ou «Fences».

Nota: 3 em 5.


Desejo-vos muitos e bons filmes. 

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Fragmentado (2017)





«Fragmentado» («Split» no original) é o regresso do realizador M. Night Shyamalan à boa forma, depois de filmes sofríveis como «O Último Airbender», «Depois da Terra» e «A Visita». Não é um filme genial mas consegue estar ao nível de «O Sexto sentido» e «Protegido», os primeiros do realizador. A história analisa a vida de Kevin que tem 23 personalidades distintas e planeia trazer à tona uma 24.ª, mais forte e ameaçadora; para isso ele rapta três adolescentes com o intuito de as oferecer à 24.ª personalidade a que chama “a Besta”. No entanto, uma das adolescentes, Casey ( Anya Taylor-Joy que vimos antes em «A Bruxa»), com um passado de sofrimento – visto através de flashbacks constantes ao longo do filme – consegue criar um laço com uma das personalidades do seu captor, um menino de 9 anos chamado Hedwig, pretendendo levá-lo a libertá-la. Casey consegue compreender a dor de Kevin e dos seus inúmeros heterónimos, e, em última instância, isso vai ser fulcral para a sua sobrevivência.

Por outro lado, assistimos às visitas de Kevin à sua psicóloga (uma sublime Betty Buckley), onde nos é explicada a desordem de que Kevin padece e algumas características das suas diferentes personalidades. James McAvoy (o Professor Xavier de «X-Men: O Início» e «X-Men: Dias de um Futuro Esquecido»), tem aqui a interpretação da sua vida, num papel difícil e rico em subtilezas. O actor inglês consegue desdobrar-se em várias personagens, fazendo-o sem grande esforço apenas com uma súbita mudança de expressão facial e voz.  


De resto, o filme peca por ser muito parado na 1ª parte e por tratar a desordem de personalidades múltiplas com algum simplismo, para conveniência da história. No cômputo geral é um bom filme capaz de nos suscitar a curiosidade e de nos pôr a pensar muito para lá dos créditos finais.    

Nota: 3,5 em 5.  

Desejo-vos muitos e bons filmes.